O Ministro das Relações Exteriores do Irã era só sorrisos após o anuncio de que a comunidade internacional havia retirado o embargo econômico ao país. O cumprimento das exigências americanas a cerca de seu programa nuclear, levaram os países mais ricos do planeta a recolocar o Irã de novo no cenário econômico mundial.
Em comunicado, o diretor geral da IAEA, Yukiya Amano, disse que isso significa que "as relações entre o Irã e a IAEA entram agora em nova fase. É importante para a comunidade internacional. Congratulamos todos aqueles que ajudaram isso a se tornar uma realidade".
A derrubada do embargo vem num momento em que o Irã trava um embate com outro aliado histórico dos Estados Unidos na região, a Arabia Saudita, os animos entre as duas nações andam meio abalados, após a execução de um líder religioso adorado pelos iranianos por parte dos arabes. No meio deste imbróglio estão várias nações que tomaram partido de lado a lado, defendendo ou condenando a retirada do embargo em meio as desavenças entre os dois países.
Veja o comentário de João Batista Natali
"A crise entre os países muçulmanos do Oriente Médio é muito grave.
Na semana passada, a Arábia Saudita cometeu um crime horroroso.
Condenou à morte e executou o aiatolá Nimr al-Nimr.
Ele liderava a minoria xiita do país.
Os xiitas são 15 por cento da população da Arábia Saudita, que é uma ditadura vestida de monarquia.
O governo local quis atingir o Irã, onde os xiitas são maioria.
O Irã tem um regime político truculento. No sábado, manifestantes iranianos incendiaram a embaixada saudita.
Os sauditas romperam relações diplomáticas com o Irã.
E ontem, segunda-feira, seguiram o mesmo exemplo dois aliados sauditas, o Bahrein e o Sudão.
Hoje foi a vez do Kuait, que retirou o embaixador em Teerã.
Os iranianos e os sauditas têm uma velha rivalidade.
A raiz do conflito é religiosa, e começou há mais 14 séculos, com a sucessão sangrenta do profeta Maomé.
Foram logo no começo 600 mil mortos. Hoje o Irã e a Arábia Saudita disputam influência no Oriente Médio.
Os dois países apoiam forças que são inimigas na Guerra Civil da Síria.
E fazem a mesma coisa em outra guerra civil, a do Iêmen, que é um pequeno país ao sul da Península Arábica.
A ONU anunciou hoje que, em nove meses de conflito, já morreram por lá quase 6 mil.
Vocês podem me perguntar por que a comunidade internacional não entra em campo para apaziguar iranianos e sauditas. A resposta é simples.
A Arábia Saudita é a segunda maior produtora mundial de petróleo, depois dos Estados Unidos. Ninguém tem peito para mexer com ela.
O Irã também tem petróleo, e voltou ao mercado no ano passado, depois do embargo econômico que o colocou na geladeira, por suspeita de querer produzir a bomba atômica.
Mas, nesses dias de crise, o Irã ficou isolado. O único consolo para o Ocidente é que o conflito não afetou ainda o preço do petróleo.
Ele continuava hoje baratinho, em torno de 37 dólares o barril. Isso pode mudar se crescer a possibilidade de uma guerra.
O que seria muito ruim para todos os muçulmanos. E também para todos nós.
É assim que o mundo gira".
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